Confira agora o nosso REVIEW de All You Need Is Kill, lançado pela Editora JBC em dois volumes e que depois ganhou uma edição completa!

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All That You Touch

E se por um acaso e motivo, sua vida começasse a repetir, todos os dias. Como resolveria isso?

É o que acaba pegando de supetão o protagonista Keiji Kiriya, um soldado de ‘Unidade de Armadura Mecanizadas‘  – Mechas, simples assim ^^ – que acaba perdendo seu braço em combate e puff, acorda em seu leito, um dia antes daquele “amanhã”.

Para ele, no início, tudo passava de um sonho. Mas não é que ele acaba morrendo de novo? E de novo? É aí que ele se toca – isso lá pela 5ª morte – que há algo a mais aí. Algo que ele tem de fazer, pois não é possível, isso tem um significado.

All That You See

O mangá é relativamente novo e foi lançado no meio de 2014, não dando nem UM ano de diferença para a JBC lançá-lo por aqui. Tudo deve-se, claro, pelo lançamento Hollywoodiano do filme estrelado por Tom Cruise e Emily Blunt, No Limite do Amanhã (Edge of Tomorrow).

Porém, o mangá – assim como o filme principalmente – é baseado num light novel de 2004, escrito por Hiroshi Sakurazaka e ilustrado por Yoshitoshi Abe, este último aí, conhecido por ser character design de Serial Experiments Lain e Haibane Renmei, só para citar dois. Ele também é responsável por direcionar as características das personagens ao mestre Takeshi Obata (Death Note, Bakuman), que ilustrou o mangá. Quanto ao roteiro adaptado, ficou a cargo de Ryousuke Takeuchi.

Volume 1 de All You Need Is Kill, publicado pela Editora JBC (Imagem Divulgação)
Volume 1 de All You Need Is Kill, publicado pela Editora JBC (Imagem Divulgação)

All That You Taste

A ambientação do mangá se passa no Japão e mais exatamente na Península de Boso, onde uma base militar – uma das poucas que restam no mundo – está em constante ataque das criaturas extraterrestres, que para piorar, há indícios de um “ninho” na ilha de Okinawa. É com isso que diversas forças militares são enviadas para esta base, dentre elas a americana, liderada pela jovem Rita Vatraski.

Como de praxe, as criaturas – Mimetizadores, estes que para quem joga RPG, são parecidos com Beholders dentuços – só são danificadas num ataque mais direto e próximo, o que é um dos motivos da utilização dos mechas de combate. Armas comuns não fazem efeitos e cada soldado está munido de três tipos de armamento:

  • Metralhadora 20mm
    • Pouco eficaz e mais utilizada para distração a longa distância;
  • Lança Foguetes
    • Utilizando granadas termobáricas, estas armas já são mais eficientes a média distância;
  • Bate Estacas
    • O que pode realmente matar a criatura, lançando lanças de Carboneto de Tungstênio. O problema: Curto alcance!

A história do mangá começa quando a guerra já está durando alguns anos – ou décadas – e em muitos momentos dá-se a acreditar que ela acabará apenas quando uma das raças se extingua por completo. Enquanto que os Mimetizadores não temem NADA e atacam o que vier pela frente, um dos problemas dos soldados humanos é a experiência. São poucos os que resistem a um combate, o que acaba tornando ainda mais complicado o embate.

All You Feel

O protagonista da série é Keiji Kiriya. Ele não é um soldado experiente, mas logo de cara percebe-se que quanto mais ele luta, mais “sangue-no-zóio” ele fica. Por se tratar de uma obra seinen, seus pensamentos e dramas psicológicos, virão à tona, a cada página e ação dada.

Ele tem um colega de quarto, chamado Jin. Este aí, não aparece muito, mas acabamos nos identificando com ele pois, cada vez que o loop acontece, temos a mesma cena deles acordando juntos na beliche. Ao contrário de seu amigo, Keiji é mais centrado e focado em seus objetivos. Leva sempre o treinamento a sério e tem um apreço grande pelo sargento de sua divisão.

Apesar de ter um alto dom de aprendizagem, o garoto tenta se superar a cada dia que retorna. Esta, da superação é a característica mais forte do personagem e vai permear por  toda a obra. Voltando ao Keiji – muitas vezes, seu traço até lembra o Light Yagami de Death Note – o cara fica um MEGA soldado, já que além de saber tudo que acontece no outro dia, ele está com os reflexos mais ágeis também.

Volume 1 de All You Need Is Kill, publicado pela Editora JBC (Imagem Divulgação)
Volume 1 de All You Need Is Kill, publicado pela Editora JBC (Imagem Divulgação)

All That You Love

Rita Vratask – sempre me travo ao falar este nome – é a segunda personagem do mangá. Apesar da obra ter apenas dois volumes, ela poderia facilmente figurar no alto escalão das “garotas fodonas”, podendo estar par a par de uma Mikasa da vida.

Há diversas surpresas na leitura do mangá e uma delas se diz respeito a Rita. Se falarmos em convicção e pensamento lógico rápido, a garota dá muito bem conta do recado e outra coisa: Não se engane pela sua aparência frágil. Ela segura um machado de 200kg e não mede esforços para aniquilar diversas criaturas num só golpe.

Olha só o apelido que ela ganhou entre os soldados: A cadela do campo de batalha que oblitera tudo que é Mimetizador que encontre pela frente. É para poucos não? E seu lema de vida então: Erradicar deste planeta, absolutamente TODOS os Mimetizadores. FODA!

All That You Hate

Pode-se dizer que All You Need Is Kill não possui falhas. Em alguns momentos seu ritmo pode parecer um pouco arrastado em certas cenas de batalha e que por outro lado, um colírio para os olhos esta arte de Obata. A obra mantém-se bem em seus 17 capítulos e se por algum motivo você não se empolgar, é por que de fato, ela não lhe tocou.

Mas um aviso aqui é dado: O primeiro volume segue um ritmo diferente do segundo, que é totalmente puxado ao “psicológico” e é o que dá cor a toda trama. E voltamos naquilo: O mangá não é uma obra de ação e mais, não tem como foco os extraterrestres. O foco da trama aqui é superação e sabedoria.

Graphic novel de All You Need Is Kill (Imagem Divulgação)
Graphic novel de All You Need Is Kill (Imagem Divulgação)

All You Distrust

Como falado lá no começo do texto: Como Keiji vai voltar a viver novamente e parar de viver este looping? Falando nisso, sabe quando ele vai matar seu primeiro Mimetizador? Na 21ª vez!

Toda vez que Keiji morre, ele começa um treinamento novo ou testá-os em batalha. É curioso saber que o cara está “acostumado” com a morte, com o sabor e com a dor que ela pode lhe trazer. E já vou avisando: O cara perde membros, tripas, cabeça… ou seja, já sabe o teor de tudo que é tipo de dor.

Já adiantando – e não encare como um spoiler – são centenas de vezes que o loop acaba acontecendo e o mais interessante é que não fica repetitivo. A narrativa dá conta de que cada capítulo um nó da história é desatado e faz com que você fique cada vez mais preso à leitura, querendo saber o que vai rolar pela frente.

All You Save

Mas claro, a cereja do bolo: Keiji + Rita. Se você pensa naquele casalzinho todo bonitinho lutando junto, pode apostar! Isso aqui até que existe, tanto que muito da técnica que ele aprende em combate, foi vendo-a em combate. Você já assistiu ‘Como Se Fosse A Primeira Vez’? Vai se identificar com diversas cenas e até se emocionar. Não dá pra falar muita coisa, mas né, é fácil de sacar que rola algo entre os dois. Uma química? Um romance? Leia aí 😉

Além desta carga mais romântica e psicológica, há muito da filosofia por aqui também. Pode ser que a morte seja uma maldição ou uma benção, porquê não? Imagina viver a imortalidade, o quão tedioso seria depois um período de tempo, ou vivê-la e não ter aprendido o que deveria-se aprender.

Capa do volume completo de All You Need Is Kill, publicado pela Editora JBC (Imagem Divulgação)
Capa do volume completo de All You Need Is Kill, publicado pela Editora JBC (Imagem Divulgação)

All You Need Is Kill

Este conceito de voltar, treinar e fazer o melhor é um sinal de que deveríamos aproveitar cada segundo do tempo e fazer o nosso melhor sempre. Não temos esta “chance” de Keiji, mas né, quantas vezes nos perguntamos “ah, se eu pudesse fazer diferente”. Para este pensamento estar cada vez menos presente em nossas cabeças, é viver o dia, viver como se fosse morrer amanhã. Quanto ao “tudo que você precisa é matar” do título, pode ser com relação aos nossos preconceitos e egos.

Um mangá para poucos? Não! Recomendado para toda a galera. Se ele consegui passar o que queria da light novel? Não sei. Se o filme conseguiu passar? Também não sei, pois ainda não o assisti – mas já tá no gatilho. Se você quer mais um filme relacionado a este tema, tem um grande clássico do Bill Murray, ‘Feitiço do Tempo’, recomendadíssimo também.

Leia o preview no site da Editora JBC!